Subimos a rua sob a floresta de plátanos,
o apito do comboio lembra o aroma das árvores
que julgamos sentir
como a tua mão lembra as minhas pernas
e assim todas as coisas acariciadas se parecem
mas não sei onde se passa tudo isto
que se passa connosco.
O próprio sentido de plátano perde-se em mim
pois és tu que soletras a palavra «árvore»
enquanto a rua sobe nos teus passos.
Que faço com as palavras «aqui» e «aí»
por onde vais enquanto a rua caminha?
Por que espaço sem espaço
em que língua impossível
chegamos à palavra «nós»?
Por que magia nos cruzamos no tempo
arrastados por um «aqui» que não pára de dançar,
que não pára. Como?
rosa alice
branco
poesia do
mundo/2
edições afrontamento
1998
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