09 setembro 2014

miguel torga / noite




Encontraram-no caído
Ao fundo daquela rua;
Chamaram-no pelo nome, era eu!
- O poeta andava à lua
E adormeceu...

Foi o que disse e jurou
Pela sua salvação
A perdida
Que viu tudo da janela...

E o guarda soube por Ela,
Pelo pranto que chorava,
Quem era na minha vida
O guarda que me guardava...

- Andar à lua é proibido...
Mas Ela pagou a lei
Por um beijo que lhe dei
Antes ou depois de ter caído,
Nem eu sei...


miguel torga
o outro livro de job
1936



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