Não pegues na colher com a mão esquerda.
Não ponhas os cotovelos na mesa.
Dobra bem o guardanapo.
Isso, para começar.
Extraia a raiz quadrada de três mil trezentos e treze.
Onde fica o Tanganica? Em que ano nasceu Cervantes?
Dou-lhe um zero em comportamento se falar com o seu colega.
Isso, para continuar.
Parece-lhe decente que um engenheiro faça versos?
A cultura é um enfeite e o negócio é o negócio.
Se continuas com essa moça fechamos-te a porta.
Isso, para viver.
Não sejas tão louco. Sê educado. Sê correcto.
Não bebas. Não fumes. Não tussas. Não respires.
Aí, sim, não respirar! Dar o não a todos os nãos.
E descansar: morrer.
gabriel celaya
espanha (1911-1991)
3 comentários:
Olá gil, você por acaso sabe quem foi que o traduziu?
Muito bacana!
Lamento, Joana, mas não sei.
Só costumo publicar textos com todas as referências bibliográficas e, salvo uma ou outra excepção, li e tenho os livros de que faço citação.
No entanto, tenho também muita coisa que fui recolhendo e, que por ser excelente, optei por publicar mesmo assim. (É o caso deste poema)
Peço desculpa aos tradutores, mas acho que compreenderão esta minha opção.
Ora, isso acontece com todo amante de versos, não se preocupe.
Obrigada mesmo assim. Até logo.
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