10 julho 2021

sebastião alba / em cada mão

 
 
EM CADA MÃO, A PEDRA COM QUE INSULTO
o meu sorriso a demolir, no espelho
dos lavabos do bar. Oiço o tumulto
na sala. Aos 39, estou um velho,
 
dizem. Ora bem, concedo – seus filhos
da puta Largo as pedras, já cadentes
consomem-se e não chegam aos ladrilhos.
Agora, isco o sorriso e dou-lhes luta
 
ao balcão. Estes bêbados vigiam,
voantes, aquilinos sobre a minha
vida, a imagem que mais lhes dá no goto,
 
mas se enreda em quem sou. E desconfiam…
Então, erguendo o copo, assomo à imagem,
com a fralda de fora e um pé boto.
 
 
 
sebastião alba
a noite dividida
assírio & alvim
1996
 





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