Um homem e uma mulher
absolutamente brancos
Lá no fundo do guarda-sol
vejo as prostitutas maravilhosas
Com trajes um pouco
antiquados do lado da lanterna cor dos bosques
Levam a passear consigo um
grande pedaço de papel estampado
Esse papel que não se pode
ver sem que o coração se
nos aperte nos andares
altos de uma casa em demolição
Ou uma concha de mármore
branco caída no caminho
Ou um colar dessas argolas
que se confundem atrás delas nos espelhos
O grande instinto da
combustão conquista as ruas
onde elas caminham
Direitas como flores queimadas
Com os olhos na distância
levantando um vento de pedra
Enquanto imóveis se
abismam no centro da voragem
Nada se iguala para mim ao
sentido do seu pensamento desligado
A frescura do regato onde
os sapatinhos delas
banham a sombra dos seus
bicos A realidade daqueles molhos de feno cortado
onde desaparecem
Vejo os seus seios que
abrem uma nesga de sol na noite profunda
E que se abaixam e se
elevam a um ritmo
que é a única exacta
medida da vida
Vejo os seus seios que são
estrelas sobre as ondas
Seios onde chove para
sempre o invisível leite azul