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agora estou na beira do penhasco
e não vou voar
como o sublime bicho
estratosférico brilhante
de plumas esmeraldas tentativos
braços
apenas eu baço de nenhuma asa
debruçado
sobre o vidro de água e em baixo
os corredores, dispostos à
partida
em músculos compactos, e deles o
mais jovem (vestido
de improváveis azagaias) exclama:
é esta
a fonte do trovão!, e aponta
um buraco azul mudo nas paredes
da pedra. por fora
de mim regresso ao som silencioso
da cidade
onde todos os rostos são o papel
com linhas de inventário
e as patas dos homens pousam na
larga secretária
e ficam, em relevo, caminhando no
sangue, e eu queria
para ti, uma cidade sem mistério,
o gelo transparente onde mergulha
a imagem
dos corredores, lançados no
velocíssimo sossego sem repouso
das palavras trocadas, das bocas
e dos braços misturados
pela luz, que é uma areia
movediça,
este saber de nós sem ócio e sem
negócio, iguais
às portas do trovão, onde o mais
sábio
se lança nu compacto deus do fogo
e ri
antónio franco alexandre
poemas
assírio & alvim
1996