1
Talvez a
juventude seja isto:
sem arrependimento
amar sempre os sentidos.
2
Este corpo que
aperto (e me aperta!)
tem um sabor de estrelas
e de lodo.
E eu não sei quem
agora me tinge
(profundíssimo
jogo) de vermelho
as estrelas.
3
Era no cinema,
onde as portas
se abrem e fecham
continuamente.
Àquele rumor ela
pensou
que ele voltasse;
mas não voltou.
4
Fazer do verde
prado
um jogo proibido.
Já o tenho
tentado.
Sem o conseguir.
5
«Poeta exclusivo
do amor»
me chamaram. E era
talvez certo.
Mas o vento aqui
sobre a erva e os rumores
da cidade
longínqua
não são eles
também amor?
Sob nuvens
quentes
não são ainda o
som
de um amor que
arde
e não mais se
afasta?
sandro
penna
vozes
da poesia europeia III
traduções
de david mourão ferreira
colóquio letras
165
fundação calouste
gulbenkian
2003