Levantar um homem dum túmulo
desprezado;
deixá-lo à minha imagem
tocar no ventre das estátuas
justificando para sempre a queda
mitológica das cidades.
Procurar coisa tão pouca
como a minha invenção deserta e
ágil
num cigarro de acaso a própria
manhã
que entre os dedos levo à minha
boca.
Deixar que doa uma gota do meu
sangue
e correr
correr
até que os pulsos me rebentem;
tiritar de silêncio
ter raízes que ultrapassem os
regaços das mães
fazer de novo a morte no seio das
montanhas abertas
e beijar na própria epiderme
a nossa lucidez amatória de
universo.
fernando alves dos santos
a única real tradição viva
antologia da poesia surrealista portuguesa
perfecto e. cuadrado
assírio & alvim
1998
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