à roda atarefam-se os ventos.
Em cada copa de carvalho
crocitam os corvos aos centos,»
«Onde? É que não oiço nada,
o vento sussurra nas folhagens.
O que disseste do telhado,
que não distingo as palavras?»
gritam pássaros pardacentos.
Os netos dele picam voo
dos tronos celestes aos centos.»
«Então ele foi algum corvo:
no escuro, o vento às risadas.
O que disseste tu das copas,
que não te entendo as palavras?»
no escuro da noite cega.
Uma só coisa ele compôs:
as asas duma ave negra.»
«O vento estorva, o vento,
meu deus acalma este vento.
O que fez ele então na vida,
já que estava entre a gente?»
Ali jaz ele e não respira.
Vês uma nuvem lá no céu?
– A alma dele na subida.»
«Sim, agora já te entendo:
foi-se para a noite a voar.
Agora ali jaz e abraça
as raízes do carvalhal.»
da copa de carvalho espessa.
Fica mais calmo que um lago,
mais rasteiro do que a erva.
Vou coroá-lo com a bruma.
Fica-lhe bem uma coroa.»
«Fica então debaixo da terra?»
«Não pode levantar-se, assim.
Está lá deitado com a coroa,
está lá esquecido por mim.»
«Era um corvo na tempestade?»
«Era uma ave, ele foi uma ave.»
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
tradução de nina guerra e filipe guerra
assírio & alvim
2001
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