coração, absorto a espreitar a mulher que se ria.
O rapaz erguia o olhar para aqueles olhos,
onde os rápidos olhares estremeciam nus
e estranhos. O rapaz recolhia um segredo
naqueles olhos, um segredo como o regaço escondido.
Os olhos desconhecidos queimavam como queima a carne,
vivos de húmida vida. A doçura do regaço
palpitante de cálida ansiedade transparecia
naqueles olhos. Brotava angustiado o segredo
como sangue. Tornavam tremendas as coisas
na luz tranquila das árvores e do céu.
ralas lágrimas mudas, como se já fosse homem.
O homem só reencontra sob o céu distante
Aquele olhar recatado que a mulher depõe
no rapaz. E volta a ver aqueles olhos e aquele rosto
recomporem-se submissos ao sorriso habitual.
depois
trabalhar cansa
trad.carlos leite
cotovia
1997
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