larga ocupando o quintal que a minha
avó fechava à chave quando saía (por
causa das galinhas). Para trás do muro,
só havia telhados de zinco, portões com
ferrugem, traseiras de prédios com roupa
estendida, armazéns, carros ao abandono
e gritos no crepúsculo, das mães aflitas
chamando os filhos para jantar. Eu via
tudo aquilo, sentado à mesa com uma
folha de papel em branco, esperando
o que chega quando não se espera.
Às vezes apareciam versos sem norte,
palavras vagabundas, para murcharem
logo ali – ecos de ecos. E eu olhava o
céu, as nuvens perfeitas, o vento em
turbilhão através do quintal, aquele
limoeiro com melros nos ramos e
frutos acesos na tarde como sóis.
apeadeiro
revista de atitudes literárias
nr. 1 primavera 2001
quasi
2001
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