29 janeiro 2024

adonis / ruínas

 
 
A lua quebra os seus espelhos nas ruínas enquanto Beirute faz
muletas de sangue e cinzas e coxeia com elas.
 
É verdade. O céu tem correntes à volta dos pés, e as estrela
têm adagas presas na cintura.
 
O dia esfrega os olhos, sem acreditar no que vê.
 
Chora, Beirute, limpa as tuas lágrimas com o lenço do hori-
zonte. Escreveste de novo ao céu, mas estavas errada e agora os
teus erros escrevem-te.
 
Não tens um outro alfabeto?
 
 
 
adonis
arco-íris do instante
antologia poética
tradução de nuno júdice
dom quixote
2016
 




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