Nunca no coração porque ele toma-o todo.
(… as flores de plástico não são talvez as mais belas
mas são por certo mais inocentes e duráveis…)
Dai ao morto o espaço que pretende.
Ele flanca os marcos na nossa estima
e é conveniente não desapontá-lo.
Qualquer pequeno gesto é já o ritual esperado.
Toca a embarcar o rebanho das memórias
a emparelhar toda a emoção diversa
a acasalar as antigas intenções nunca expressas
na grande arca, que, salva ao dilúvio das lágrimas
há-de pairar; parar, poisar, logo, amanhã, depois
quando o luto real começar.
odes didácticas
o morto, ode didátctica 1971
tinta da china
2021
1 comentário:
Tocou-me este poema! Concordo com as suas palavras! Um abraço.
Fanny Costa 🦋
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