e um vento cruel corrompe os nossos sonhos.
Até que um dia, por fim, nos damos conta
de que estamos sozinhos.
Nada, nem os livros
que principiam a falar quando os abrimos,
nem os versos que fomos despertando
para adiar e fugir do nosso rosto
enchem um vazio, formam uma pátria.
ou assim parece: o pássaro na antena,
a nuvem anónima no céu luminoso…
Para nós, porém, crescem as sombras,
ninguém para nós acende a luz.
E é esse o disco riscado da vida,
o frouxo amor, a idade do desencanto.
poesia espanhola de agora vol. II
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água
1997
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