30 dezembro 2021

pierre louÿs / uma noite à lareira

 
 
LXXXII
 
É duro o inverno, Mnasídica. Salvo na cama,
o frio é omnipresente. Apesar de tudo, levanta-te, vem comigo,
porque acendi um lume farto com achas e raízes mortas.
 
Completamente nuas, aquecer-nos-emos agachadas,
os cabelos soltos pelas costas, e beberemos leite
pela mesma taça e comeremos bolinhos de mel.
 
É espantoso como as chamas são sonoras e alegres.
Não estás demasiado perto? Tua pele tornou-se vermelha.
Deixa-me beijá-la onde o calor a fez escaldante.
 
Nos tições ardentes, vou aquecer o ferro
e pentear-te diante do lume. Com o carvão que restar
entre as cinzas, escreverei teu nome na parede.
 
 
 
pierre louÿs
o sexo de ler de bilitis
bucólicas em panfília
trad. maria gabriel llansol
relógio d´água
2010




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