18 junho 2020

pedro loureiro / eu juro que não escolhi isto



Eu juro que não escolhi isto
esforcei-me por escapar
pelo friso do cordão umbilical
mas logo me colocaste o ébrio guizo
e este tinido incessante
calcifica tudo
até à transmutação da gola em redondel
portas chapeadas que cercam
o lusitano em corrida
a sacudir hipóteses e argumentos da crina
sempre em revolteio
é tão difícil ter-me de quatro
a mão que na superfície de uma janela toca o mundo
já recebeu a Grã Ordem de Marcha
e as mais altas condecorações
pela bravura do estupro
por isso, não
não me prometas nada
antes que o galo cante
negar-me-às n vezes



pedro loureiro
that´s all folks
editora urutau
2018





1 comentário:

" R y k @ r d o " disse...

Delicioso de ler. Poema magistral.
.
Um dia feliz
Cumprimentos