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Tenho épocas em que sonho muito. Uma vez sonhei que
estando de visita a uma casa desconhecida sou assaltada por um enxame de
pequeninas moscas pretas que me cobrem o rosto. Para me livrar delas pego num
frasco de álcool e chego-o aos olhos. Todas as mosquinhas caem lá dentro. Então
o álcool torna-se um líquido leitoso cheio de pintas pretas. Aos poucos nessa
massa turva surgem formas geométricas: cubos, esferas, pirâmides, cilindros,
tudo símbolos de uma ignorada escrita. São lindas. Encantada quero mostrá-las a
toda a gente. Acordando, escrevo isso no meu caderno de apontamentos.
ana hatherly
463 tisanas
quimera
2006
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