Conseguiram encerrar o vento,
retirar a pouco e pouco o ar
e – maravilha – o povo
resiste ainda e vive.
A asfixia é lenta e os que morrem
parecem ir de morte natural.
Hoje porém os sábios consideram
enganosa essa fórmula que reduz
o paciente à condição de peixe triste.
Pois no repouso fictício a onda
aguarda o luar da maré cheia.
Nas manhãs da terra
as manchas de sangue ganham punhos;
a viva carne cobre o inesperado.
egito gonçalves
os arquivos do silêncio
1963
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