É tempo deste coração permanecer insensível
porque já não pode comover o dos outros:
mas, se por ninguém eu posso ser amado,
ainda quero amar!
Os meus dias estão nas folhas já caídas;
as flores e os frutos do amor abandonaram-me;
o verme, o cancro, o profundo desgosto
a ninguém mais pertencem!
Como uma ilha vulcânica, sozinho
o fogo vem consumir-se no meu peito;
não há nenhum lume que aí se reacenda
– uma chama funerária!
A esperança, o temor e o ciúme,
tudo o que é excessivo no sofrimento,
e o poder do amor, não posso compartilhar,
só lhes sofro as cadeias.
Mas não é assim – e não é neste lugar –
que deviam estes pensamentos abalar-me, nem agora
quando a glória decora o túmulo do herói
ou lhe coroa a fronte.
A espada, a insígnia e o campo de batalha,
a glória e a Grécia, contemplo à minha volta!
O guerreiro espartano, erguido sobre o escudo,
Não era mais livre.
Desperta (que a Grécia, ela está acordada!)
Desperta, meu espírito! Pensa naquele
cujo sangue vital corre para o lago materno
e encontra o seu destino.
Subjuga os desejos que despertam ainda,
virilidade indigna! – para ti
deveriam ser indiferentes o sorriso ou o duro
olhar da Beleza.
Para que vives, se lamentas a tua juventude?
Aqui fica o lugar de uma morte honrosa.
Caminha para a luta, e deixa que se apague
o teu último alento!
Procura – sem o procurar, tê-lo-ias encontrado –
o túmulo de um soldado, aquilo que mereces;
olha por fim à volta e prefere esta terra,
aceita o teu descanso.
byron
poesia romântica inglesa
(byron, shelley, keats)
trad. fernando guimarães
editorial inova
1977
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