eu fujo
dos sinos e capelas
dos poemas de baudelaire
das begónias e cirandas
parques e arco-íris
escondo-me
em soleiras e cortinas
becos e travessas
nos subsolos e terraços
no breu da noite
na névoa do alvorecer
e,
ainda assim,
se faz presente
o inefável momento
em que lhe disse adeus
desde então,
quando durmo, não descanso
nas refeições, não me nutro
os vícios, não dão prazer
no banho, não me limpo
nos livros, não encontro respostas
desde o inefável momento
rafael mendes
ensaio sobre o belo e o caos
editora urutau
2019
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