Vento gélido contra os olhos, raios solares dançam
no caleidoscópio das lágrimas quando atravesso
a rua, rua que me tem seguido tanto tempo,
e onde o verão gronelandês brilha nas suas poças d´água.
Ao meu redor rodopia toda a força da rua,
de que nada se recorda e nada quer.
No subsolo, bem no fundo, sob o trânsito,
espera aí há mil anos a floresta por nascer.
Ocorre-me que a rua olha para mim.
O seu olhar é tão suspeito que até o sol
parece uma meada cinzenta no escuro do céu.
Neste instante sou eu que brilho. A rua vê-me!
tomas tranströmer
50 poemas
tradução de alexandre pastor
relógio d´água
2012
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