28 setembro 2019

josep m. rodriguez / jardim







Depois da tempestade,
as folhas que caíram ao redor da árvore
começam a apodrecer.

Gotejam as roseiras:
são um quadro de Pollock
querendo desfazer-se.

A minha mãe contou-me
que a primeira vez que vi chover
comecei a chorar,
como se já na altura percebesse
que na beleza há algo de doloroso.

É Inverno. E há uma bruma leve,
fria,
como um véu de noiva na mesa de autópsias.

Diz-me,
o que julgas tu ter que já não tenhas perdido?





josep m. rodriguez
tradução de andré domingues
nervo/6
colectivo de poesia
setembro/dezembro 2019






1 comentário:

Unknown disse...

O carácter visual da palavra escrita feto imagens em movimento.... um fotograma dugno de uma curta...Gostei imenso!!!! Parabéns!