Depois da tempestade,
as folhas que caíram ao redor da árvore
começam a apodrecer.
Gotejam as roseiras:
são um quadro de Pollock
querendo desfazer-se.
A minha mãe contou-me
que a primeira vez que vi chover
comecei a chorar,
como se já na altura percebesse
que na beleza há algo de doloroso.
É Inverno. E há uma bruma leve,
fria,
como um véu de noiva na mesa de autópsias.
Diz-me,
o que julgas tu ter que já não tenhas perdido?
josep m. rodriguez
tradução de andré domingues
nervo/6
colectivo de poesia
setembro/dezembro 2019