04 maio 2019

vasco graça moura / nó cego, o regresso



I
esta é a sombra, o rigor
do coração: nó cego, indesatável
por nevoeiro espesso
ou ténue gaze na distância.

uma obscura (translúcida razão?)
como papel de seda vibra
ou se amarfanha
surda, tu e eu poderíamos

rasgar a sombra intocável?
nenhum sentir distingue
seu intrincado músculo ansioso,
propulsor de sombras e sangue?

nenhum poder é transparente,
ileso? poderíamos?



vasco graça moura
nó cego, o regresso
poesia 1963/1995
quetzal editores
2007






1 comentário:

Editor IPC disse...

Sempre o eco do sentimento !

Isaias