11 janeiro 2018

joaquim manuel magalhães / sunlight in a cafetaria



Abria o guarda-fatos e tirava
o casaco mais velho e as piores
calças de veludo cor de sombra.
Ia ter contigo. Só o perfume

fazia pressentir o coração,
essa frágil ideia que batia
quando me sentava no café
muito antes da hora combinada.

As mãos quietas, o rosto debruçado
para o vidro sujo de tabacos
donde ao longe havias de chegar.

O chão coberto duma luz magoada,
de papéis amassados, cinzas
que teus pés vinham a calcar.



joaquim manuel magalhães
uma exposição
consequência do lugar
relógio d´água
2001





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