I
Não creias, Lídia, que nenhum estio
Por nós perdido possa regressar
Oferecendo a flor
Que adiámos
colher.
Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
Não existe piedade
Para aquele que
hesita.
Mais tarde será tarde e já é tarde.
O tempo apaga tudo menos esse
Longo indelével
rasto
Que o não vivido
deixa.
Não creias na demora em que te medes.
Jamais se detém Kronos cujo passo
Vai sempre mais à
frente
Do que o teu
próprio passo.
sophia de mello breyner andresen
dual
caminho
2004
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