não;
não por ti, a quem amei
mas por mim, a quem amaste
construo eu esta cidade:
cruzado centro
entre Roma e o Império.
por aqui
– talvez esquecido, talvez lembrado –
teu nome
noutras bocas se dirá
de mim, de mim sobretudo
soará esta paixão que
em teu nome, assim paraste:
suspenso sacrifício
entre sonos de areia e o teu futuro
muralha por muralha
o teu passado construído.
esta cidade
entre Roma e a Barbárie,
posto seguro na força do Império,
esta cidade
tua e não minha
– pretexto mais grato do meu poder –
ficará esta cidade.
não;
não por mim, a quem amaste
mas por ti, a quem amei
conhecido nome se fará:
nome do corpo, nome de roma
nome do tempo eu
– finito e sem dias –
assim permanece:
memória da memória
na memória de ti.
r. lino
palavras do imperador hadriano
políptico
companhia das ilhas
2016
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