crítica & amiguismo
Não, não é o gráfico da rede de “amiguismo”: é o desenho de um neurónio feito por Ramón y Cajal.
[ Coiso! ]
... Tão baralhado
tão cheio de bicos
para cima
e para baixo.
A bússola maluca
a rodopiar desatinos;
o sol a sul
anti-magnético
desnorteado;
espectros
esvoaçantes
não identificados.
Vogar à deriva
sem radar:
algures a plenitude
no arco ogival
a basílica
vertigem gótica
naves laterais
de inexistência
e vacuidade;
Ah, a promenade,
a nave central
com declive
a tender
para o confuso
e infinito
do alfa à morte
do ómega ao parto.
Vagamente...
marcial um Viva-se !
Pois!
...Vagamente !
uma missão
logo à partida
inconclu-ida
inconclu-sivel
inconclu-dente
inconclu-coisa-nenhuma
de uma longa
e vaga
sim sim sim ... vaga
caminhada
até aqui
e a sê-lo
de ser onda
do meu mar
mural de história
pouco nada
ante-projecto
de desespero!
Sem sentido
salgado
(e como é obvio,...)
... vaga _ mente
escorrer por fora
de um globo ocular
ou... ser lágrima !
luís melo
no bater das portas
entrei no lado azul da noite
em silêncio pesado
tropecei na verde porta
com palavras embrionárias
flui da obscuridade
sem nome de gente
empurrei o verão
esquecida, na inocência do tempo
do lado de lá, disseminei aromas
na magia dos ventos desabridos
rostos sedentos,
aterrados,
suspirantes no sossego
duma noite, sem paisagem
transpirada de azul
voraz passa incandescente
a idade louca de um tempo
hoje,
o sopro dos anjos,
onde já nem a sombra
chegava.