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10 dezembro 2008

alexandre moreira / o cão continua coxo








Nasce o dia de ideias políticas e de finanças
percebe a malta do leste ou a leste da malta se
contentam estatísticas e marinheiros próprios
do sábio descendente,

com isso se incute a perversão no
chefe da sua armadilha
no homem permitido ao morcego rotinando
os lagos
e os lembretes

afinal quem se recorda do dia em que a luz se fez luz ?
E que textos destrinçam os astronautas na visibilidade do espaço?

Não se lembram nem se afogam sem um limiar
e das finanças que a malta concebe
não se conjura o semblante de cada livro editado;

o cão continua coxo
o automóvel continua roxo
o ardil continua um mocho
e a estatística entende-se como própria dos encontros à beira-mar,
senta-se na areia
desenha para que o mar entenda o que se esvai

e a cada dia mais dias nascem e novas estatísticas
multiplicam outras tantas,
a malta do leste cada vez mais percebe
o leste da malta cada vez menos se inverte pela
tradição oral,

a língua condiciona o ardente ciúme
de quem fez lume por se lembrar
houve, afinal, um dia em que a luz se fez luz

mas era microscopicamente visível nos corpos distantes
e logo se condenaram as ampliações em marasmos
insignificantes de salões de chá

os astronautas dizem livros editados,
são flores cozinhadas pelo rubro medo do espaço
em que se plantam tanto finanças
como estatísticas, dicionários e solfejos arquejando
um abutre nos símbolos

o médium é agora o nome
onde a criança preenche o tédio civilizado
e nem do espaço é visível
a lembrança do lume ampliado

tudo é um livro editado
sem que isso fume a maior devoção
pois dentro de si amam os novíssimos amantes,
com claves de Fá inspiram com
abecedários expiram

e reluzir o oxigénio seria o novo circuito do receio mãos ao alto pés para dentro
- encoste-se à parede - é a nova fotografia
de quem procura esquecer o dicionário
o solfejo que nada semeia,

a simples reminiscência do nada que inventa,
inventa,
ofusca e anseia.






alexandre moreira




18 abril 2006

post it / alexandre moreira

perto desse lábio de chávena não me atrevo a luz
no fundo é corrente de ar- tes todas um
instante sempre em todo o caso um
cenário a cair mal já tarde a
pensar a convicção é o perigo o dedo a salvação serás
talento velhinho a atravessar rua no meu quarto
de orgão coagular de vento direitinho quando
penso quando penso a convicção é o perigo o dedo a salvação será a pautar pelo pescoço umas páginas ainda umas páginas ainda de um olhar fixo uma natureza particular esta ideia de fazer partida seria neste auge do meu terror pesado imóvel soureal . perto desse lábio de chávena não me atrevo ao olhar de cada esposa dé- cada esposo década vez década três não denuncio a pequenez esmago sempre o nome contra o peito senhor na janela naúsea bastante nova é fumar radialmente nesse viver o passado sempre um instante depois não existiu lugar com música não plastifico monstro no seu trabalho frequente mente relativa mente eu nevoeiro alfabético quarta- feira é nevoeiro alfabético quinta- feira e os passos soam recentes junto a grandes janelas tremem se ( senta sue ) jeitos e ao objecto conferem a voz distante uns palmos acima do sol




alexandre moreira




27 março 2006

post it / alexandre moreira

poema 15 ou 18



Não há homem verdadeiramente sozinho de
coração a esquecer a parecer
idiota com banco e negras
forma salto finalmente
o pálido o alemão com passo com porta
os momentos que se apoderam
há momentos que se apoderam nada mais se
move na sala de fumo conversas de
peito indignado a mover-se na sala de fumo um rapaz
muito bem talvez um rapaz discretamente envolvente
bem talvez envolvente
dois retratos a negociar-nos de chapéu alto de chapéu
alto se dorme suavemente
e as mãos as mãos as mãos são pouco sacrifício agora
de murmúrio diluído em receio se
é delicioso se há momentos que se apoderam do
mar ao longe a face a declarar guerra branca como
interior do vidro como troçar de nós mesmos um
minuto destes será quase vazio será
todo à beira desta cama não ouso
este pequeno papel espera não estou longe morrer
é afinal um dia bonito imóvel de vez até lá domir
comer tomei banho até lá que é afinal imóvel de vez até lá
até sempre
ter o sol todo coisa teatral por baixo lisboa
e eu nesta rua branca a vislumbrar um aborrecimento inteiro.



alexandre moreira