31 julho 2025

pierre louÿs / ao navio

  

XLVII
 
Belo navio que me trouxeste seguindo de perto as costas da Jónia,
entrego-te às vagas cintilantes. É, com pé ligeiro, que
salto para o areal.
 
Regressas à terra em que a virgem é a amiga das ninfas.
Não te esqueças de agradecer às conselheiras invisíveis
e entrega-lhes, como oferenda, este raminho
que eu própria colhi.
 
Foste pinheiro e, nas montanhas, teus ramos agudos,
teus esquilos e teus pássaros oscilavam ao ritmo
do vasto e inflamado vento sul.
 
Que agora o vento norte seja teu guia e, ao sabor
do mar paciente, te empurre devagar para o cais,
ó nave negra escoltada por golfinhos.
 
 
pierre louÿs
o sexo de ler de bilitis
elegias em mitilene
trad. maria gabriel llansol
relógio d´água
2010




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