De escrever um poema extenso!
Há anos...
Em que a ideia e a forma,
Numa unidade de corpo com alma,
Unanimemente se moviam...
Perdi tudo que me fazia consciente
De uma certeza qualquer no meu ser...
Hoje o que me resta?
O sol que está sem que eu o chamasse...
O dia que me não custou esforço...
Uma brisa, com a festa de uma brisa
Que me dão uma consciência do ar...
E o egoísmo doméstico de não querer mais nada
Mas, ah!, minha Ode Triunfal ,
O teu movimento rectilíneo!
Ah, minha Ode Marítima
E os meus planos, então, os meus planos —
Esses é que eram as grandes odes.
E aquela a última a suprema a impossível!
livro de versos,
fernando pessoa
estampa
1993
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