Nem todos podem morrer de frente
ou com um tiro na nuca,
por vezes o assunto último
é manuseado com tiques mesquinhos,
dedos como bicadas de galinhas imbecis
a bicar o inútil, o impossível e a pedra.
Morres mas não morres de vez como os animais.
Apodreces, sim, como as plantas (quando envelheces)
como uma rosa disputada à força por dez mulheres,
ou como um deus imortal atingido cem vezes.
Talvez eu preferisse ver a erva
como os ratos vêem,
olhando em frente com os olhos minúsculos.
Mas não.
1 poesia
relógio d´água
2004
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