Neste café quase deserto
não espero hoje ninguém
senão a cor difusa duma ausência
que não magoa e sabe bem
na memória um minuto preguiçosa
só mal desperta quando a porta
se abre e fecha e entra alguém
que vai sentar-se longe ou aqui perto
como discreta ajuda carinhosa
a esta construída sonolência
tão espontânea sei lá em tanta gente
sem planos sem segredos
sem história sem passado sem futuro
poesia completa
memória dum pintor desconhecido (1965)
imprensa nacional-casa da moeda
2016
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