21 janeiro 2022

alexandre o'neill / fim de semana

 
 
Estirado na areia, a olhar o azul,
ainda me treme o parvalhão do corpo,
do que houve que fazer para ganhar o nosso,
do que houve que esburgar para limpar o osso,
do que houve que descer para alcançar o céu,
já não digo esse de Vossa Reverência,
mas este onde estou, de azul e areia,
para onde, aos milhares, nos abalançamos,
como quem, às pressas, o corpo semeia.
 
 
 
alexandre o´neill
de ombro na ombreira 1969
poesias completas
assírio & alvim
2000
 



1 comentário:

Maria José Speglich disse...

Por que você escreve tudo no minúsculo?