com que nas noites sem frio saíamos a passear.
Ouvi a tua voz ao telefone, rouca,
no susto de mentir, e foi então
que subiu o perfume da flor
ao arame enferrujado dos sentimentos,
os sentimentos à poeira indecifrável
com que te dizia “já és de novo
a ilusão”, o que não amava,
o que sentado ao carro no arrabalde
me dizia, encolhendo os ombros,
“tudo há-de passar”. E passou.
A porta fechou-se, o som do motor
perdeu-se no ruído monstruoso da avenida.
os poços
uma luz com um toldo vermelho
editorial presença
1990
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