02 setembro 2021

antónio ramos rosa / como se fora aqui

 
 
Como se fora aqui aqui começo
Aqui procuro o gesto de encontrar
onde a procura é febre jovem pressa
a cidade se inclina por um tornozelo lúcido
rodopia a palavra que num lance se espera
o pulso livre martela a luz das têmporas
uma lâmina de água ondula no silêncio
a cidade transpira num corpo desnudado
por uma fenda vivíssima o espaço se ilumina
o poema atravessa o vidro do instante
 
Aqui encontro a chama adormecida errante
 
Como se fora aqui aqui começo
 
 
 
antónio ramos rosa
matéria de amor
editorial presença
1985





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