17 setembro 2021

roger wolfe / para lado nenhum

 
 
Os reformados falam em tromboses
nos autocarros
ou esperam pelo fim
nos bancos dos jardins públicos,
entre excrementos de pombo e seringas
ensanguentadas,
ou interpelam-me na rua
diante de montras de electrodomésticos
para me pedirem as horas
e me perguntarem qual a raça do meu cão.
São cinco da tarde e tudo
na cidade tresanda a morte.
Sei que é inútil. Chegar a casa,
sentar-me ao computador e redigir
quinze ou vinte linhas, que importa,
esta espécie de salvo-conduto
para lado nenhum.
 
 
 
roger wolfe
fazer o trabalho sujo
tradução de luís pedroso
língua morta
2020





 

1 comentário:

Ingrid Zetterberg disse...

Es triste hablar sólo de enfermedades como los jubilados. Me presento ante ti: Soy poetisa peruana y descubrí tu blog por casualidad. Te invito a seguir mi blog de poesía: "Mil versos para el recuerdo". Serás bienvenida. Un saludo cordial.