Os nomes não designam as coisas:
envolvem-nas, sufocam-nas.
Mas as coisas rasgam
as ligaduras das palavras
e voltam a estar aí, nuas,
à espera de algo mais que os nomes.
Só pode dizê-las
a sua própria voz de coisa,
a voz que nem ela nem nós sabemos,
nessa neutralidade que pouco fala,
esse mutismo enorme onde as ondas rebentam.
roberto juarroz
a árvore derrubada pelos frutos
trad. rui caeiro, duarte pereira e diogo vaz pinto
língua morta
2018
1 comentário:
A poesia pode ser uma coisa tão tremendamente violenta.
Espelhar o terror em que as pessoas vivem, sem se poderem encontrar. OU conseguirem encontrar,...
Por isso, se calhar, é tão estranhamente cativante...
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