[…]
Por acidente: fui ter ao inferno.
Eu passava à hora mais movimentada, na parte baixa da
cidade.
Era a minha cidade, a cidade onde vivo, de que tão bem
conheço as ruas e as casas, os labirintos, os nomes, a secreta mate-
mática dos fluxos e refluxos, as temperaturas.
Não é preciso ser estrangeiro – tomar comboios ou aviões,
atravessar as águas.
O inferno é o último segredo do nosso conhecimento quo-
tidiano.
[…]
herberto helder
apresentação do rosto
os ritmos
porto editora
2020
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