Nos flancos da encosta da aldeia, bivacam campos
cobertos de mimosas. Na época das colheitas pode ser que, a uma certa
distância, nos suceda um encontro extremamente odorífero com uma rapariga cujos
braços durante o dia se afadigaram entre os frágeis ramos. Semelhante a uma
lâmpada cuja auréola de claridade fosse de perfume, desaparece, de costas
voltadas para o sol poente.
Seria sacrilégio dirigir-lhe a palavra.
Calcando a erva com as alparcatas, deixai que vos
passe à frente. Quem sabe se não tereis a sorte de distinguir nos seus lábios a
quimera da Noite?
rené char
furor e
mistério
sós
permanecem (1938-1944)
trad. margarida vale de gato
relógio d’ água
2000
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