26 julho 2020

mário dionísio / memória dum pintor desconhecido



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Com o dedo escreves
no vidro molhado
uma palavra indecifrável

Às oito e meia da manhã
na cidade apressada
ninguém a pode ver

Mas quem ouve o segredo
desse arabesco de árvore
já não vai ao emprego

Fica tonto a olhar
enternecidamente
tudo e nada

mesmo sem entender


mário dionísio
poesia completa
memória dum pintor desconhecido (1965)
imprensa nacional-casa da moeda
2016




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