02 julho 2020

elio pecora / mais não tenho do que o desespero



Mais não tenho do que o desespero
e uma confusa vontade de me sumir:
nem uma voz que me vem chamar
no poço vazio onde estou aninhado.
É morte isto que já me encerra.
A memória está desfeita. Houve um tempo
(a quem pertenceu se nada resta?)
quando esperava pelo teu regresso
e sofria, chamava, e tu aparecias
muito te rindo desse meu sofrer.



elio pecora
poemas escolhidos
recinto de amor (1992)
tradução de simoneta neto
quasi
2008






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