14 junho 2018

fernando echevarría / não via o que olhava



Não via o que olhava. Via
no pensamento pulsar
uma como que rua a respirar sozinha
e, dentro dela, um cálido animal.
E, por trás de ambos, uma veia tinha
a invisível altura de se doer com tal
inteligência que o azul batia
cumprindo-se em seu limbo de púlpito eficaz.
Não via o que olhava. Mas o animal rompia
a ser. Seu vulto triunfava boreal.



fernando echevarría 
geórgicas
afrontamento
1998








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