Ando a falar de pássaros
como se não os tivesse afugentado
do quintal e do peitoril da janela,
como se soubesse que ave é aquela
– seria de rapina? – que vejo
em torno dos arranha-céus
há tantos anos.
Sempre a mesma criatura?
Alimenta-se do que lhe resta,
dorme na praça, entre as árvores
e a fonte de água escura
ou vejo toda uma descendência
alada, caída no desterro,
assinalando a distância da tarde?
daniel francoy
identidade
editora urutau
2016
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