11 fevereiro 2018

álvaro de campos / depus a máscara e vi-me ao espelho




Depus a máscara e vi-me ao espelho. —
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sou a máscara.
E volto à personalidade como a um terminus de linha.

18-8-1934


fernando pessoa
poesias de álvaro de campos
edições ática
1944





1 comentário:

Português Amarelo disse...

https://amentevadia.blogspot.pt/