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[s.d.; 1930?]
Este ar baixo de nuvens paradas. O azul do céu estava sujo de branco
transparente.
O moço, ao fundo do escritório, suspende um minuto o cordel à roda do
embrulho eterno…
«Como está […],» comenta estatisticamente.
Um silêncio frio. Os sons da rua como que foram cortados à faca.
Sentiu-se, prolongadamente, como um mal-estar de tudo, um suspender cósmico da
respiração. Parara o universo inteiro. Momentos, momentos, momentos. A treva
encarvoou-se de silêncio.
Súbito, aço vivo, (…)
Que humano era o toque metálico dos eléctricos! Que paisagem alegre a
simples chuva na rua ressuscitada do abismo.
Oh, Lisboa, meu lar!
fernando
pessoa
livro do
desassossego
por bernardo
soares
ática
1982
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