16 outubro 2014

boris vian / rua transversal



Na Rua Transversal
Cresciam rosas
E uma data doutras coisas
Que ninguém via


Na Rua Transversal
Havia um velho bébé
Que chorava à janela
Poqu´ia cair


Na Rua Transversal
Havia uma avó
Que mostrava o traseiro
Por duzentos e trinta e cinco francos


Na Rua Transversal
Em silêncio junto de um pórtico
Havia um militar
Com os pés no bicórnio


Na Rua Transversal
Havia um inventor
Que fabricava balões
A preto e a cor


Na Rua Transversal
Havia uma guilhotina
Que cortava o charuto
Para o papá da Alina


Na Rua Transversal
Havia namorados
Debaixo dos umbrais
Olhos nos olhos fixados


Na Rua Transversal
Havia leões ferozes
Vestidos de cossacos
Para irem para a boda


Na Rua Transversal
Nunca se lá passava
Não era uma rua a sério
E todos estavam mortos...

  

boris vian
canções e poemas
tradução de irene freire nunes e fernando cabral martins
assírio & alvim
1997




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