31 agosto 2014

henry deluy / nesta última fotografia,



Nesta última fotografia, vais
Buscar água. – Já não virás
Para mim. – Nem mesmo alguns metros,
Nem mesmo diante da porta.

                      *

E eu, eu fico.



henry deluy
primeiras sequências
trad. colectiva Mateus, set. out. de 2000
quetzal editores
2002




2 comentários:

Jorge disse...

Sou um dos tradutores. O Henry Deluy é filho de um combatente comunista e partizan - esse poema, entre outros dessa colectânea, é-lhe dedicado - são pequenas peças escritas de um ponto de vista da presença de facto e da ausência real que antecedeu o seu padecimento e morte - o pai vivia junto ao mar, tinha sido pescador.
O Henry Deluy traduziu e divulgou a poesia portuguesa em França através da revista Action Poétique, de que era o Redactor Chefe. Traduziu a Adíia Lopes. E depois colaborei com ele para esclarecimento de traduções de outros poetas quando estivemos em mateus. Era uma pessoa sofrida e inquieta. Tinha rompido com o comunismo através da "história" do pai.
Jorge Velhote

gs disse...

Obrigado, Jorge, pelo comentário.
Eu acho esse livrinho tão cristalino e tão comovedor.

Eu sabia que os poemas eram dedicados ao pai, mas não tinha presente que o Jorge era um dos tradutores.