22 agosto 2014

maria do rosário pedreira / nunca soube o teu nome



Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde,
por engano, a perguntar se eu era outra pessoa-
um sol que de repente acrescentava cal aos muros,
um incêndio capaz de devorar o coração do mundo.

Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa
como um veleiro arrasta os sonhos para o mar; mas,
antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde
bem teria gostado de chamar-me outra coisa-ou
de ser gato, para poder ter mais do que uma vida.




maria do rosário pedreira
nenhum nome depois
gótica
2004



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