Guardo
as coisas mais preciosas dentro de mim:
um
menino que esconde pássaros de asas gigantescas nos dedos,
inventa nomes e mistifica a vida.
Pois
lá fora
um
rio de sangue caudaloso corre das veias,
olhos agrestes vão desertando,
sementes não vingam,
raízes apodrecem,
pétalas enegrecem a primavera.
Quem
dormirá essa noite o último sono?
Quem
abraçará o tempo como se abraça um filho deformado?
Quem
forjou a memória daquilo que fomos?
Quem
arquitetou a imensidão dos desmoronamentos?
Solo morto,
morro acima,
morro abaixo.
Guardo
ternuras
dentro
do escuro de
dentro de mim.
tiago fabris rendelli
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